terça-feira, 8 de maio de 2012

Prós e Contras da RTP 1 - o meu modesto balanço

Não faço ideia quem são os "prós" e quem são os "contras" porque há sempre um problema de definição clara do que se está a discutir. Logo aqui se manifesta a fragilidade profissional da apresentadora/pseudo-jornalista que é responsável pela condução do programa. A senhora configura uma das associações mais dramáticas: falta de inteligência, arrogância e "lambebotismo" ao poder mas adiante...Perante o figurino do programa há uma coisa que sei: neste momento,de um lado está uma esquerda esclarecida e proponente representada por o líder PCP e deputado da AR e um professor universitário, do outro tem duas eminências pardas do PSD, daquela estirpe que  amiúde é chamadas à comunicação social para "vomitar" o pensamento único, ideologicamente neo-liberal, do regime instituído que com a legitimidade democrática de uma minoria que foi votar, serve os interesses das grandes empresas e do capital financeiro que, como todos sabemos, não tem pátria. Oiço propostas de solução bem concretas do lado de Avelãs Nunes e de Jerónimo de Sousa e ainda não consegui perceber, para além da receita da austeridade (que, de resto, os "preocupa" muito!) que soluções tem o PSD para combater o desemprego e fazer crescer a economia!  Agora a tirada patriótica de Rui Manchete, foi a cereja em cima do bolo: demagogia e hipocrisia eram perfeitamente dispensáveis!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Alexandre Soares dos Santos: a imoralidade não tem limites!

Alexandre Soares dos Santos "oficializou" uma nova era: a do vale mesmo tudo! Não é que já não tenhamos assistido em actos, palavras e decisões da parte do poder e dos patrões, à completa ausência de respeito pela dignidade do trabalho e dos trabalhadores mas a notícia avançada, hoje, (AQUI) sobre a atribuição de 500% sobre o valor da retribuição diária, acrescida da oportunidade de comprar com 50% de desconto nos supermercados da rede, é uma canalhice que, de tão rasteira, deixa qualquer um que vive honestamente do seu trabalho, refém das circunstâncias. O patrão do Pingo Doce compra, assim, bem barato, o direito que devia ser inalienável numa sociedade justa, ao trabalho com dignidade e direitos. O que esteve em causa, ao contrário do que se tentou fazer crer, não foram quaisquer direitos dos consumidores ou dos fornecedores/produtores da cadeia mas sim, a pressão exercida sobre os trabalhadores para que não reivindicassem o direito consagrado na lei, ao feriado do 1º de Maio. Com esta estratégia torpe, Soares dos Santos consegue por trabalhadores contra trabalhadores, o que mais do que uma vitória do poder, é uma derrota dos valores básicos de uma sociedade democrática, os que fundamentam a dignidade de quem vive do rendimento do seu trabalho.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." (Livro dos Conselhos)

Ontem, durante todo o dia e apesar de concentrados (ou talvez por isso mesmo) no dever de transformar o 1º de Maio num grande protesto contra o desemprego e o empobrecimento, fomos sendo surpreendidos pelas notícias, mais ou menos, chocantes sobre o estranho fenómeno desencadeado pela desonesta campanha da cadeia Pingo Doce. Sobre a imoralidade da estratégia comercial já muito foi dito, o oportunismo sem escrúpulos só veio confirmar aquilo que sabíamos acerca da empresa e dos seus gestores. A pronta intervenção das forças policiais e o silêncio dos responsáveis políticos mostraram os descaminhos da nossa Democracia.
Tudo o que de pior pode emergir no comportamento humano em tempo de tensão social e de dificuldades económicas, foi observado no grotesco dos quadros  das reportagens que nos foram chegando. Aqueles que aos olhos da empresa perderam há muito a condição de humanos e são agora classificados como consumidores dividiram-se em dois grupos que se comportaram à altura das expectativas dos arquitectos da campanha: de um lado a lascívia da ostentação consumista dos que ainda possuem dinheiro, do outro, os cálculos dolorosos de quem não  sabe já como aguentar o mês inteiro fintando a fome. A luta foi feroz e a selecção darwiniana acabou por valer aos mais adaptados. Houve relatos que recordaram passagens do "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago. E ainda mais terrível é que se vão multiplicando as situações quotidianas que evocam as reflexões daquele romance magistral do nosso Nobel da Literatura: "Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem."

terça-feira, 1 de maio de 2012

"Pingo Doce: sabe bem enganar tão baixo!"


Alexandre Soares dos Santos já deu provas da sua falta de moral ao deslocar , em termos fiscais, a empresa a cujo conselho de administração preside para a Holanda num gesto de profundo "patriotismo", mas a estratégia que os supermercados Pingo Doce preparam para hoje, dia  1º de Maio, raia a pulhice mais nojenta que se pode imaginar porque troça dos seus trabalhadores e das dificuldades financeiras das famílias portuguesas. Oferecer 50% (AQUI) do total das compras superiores a 100 euros no dia em que está anunciada uma greve dos trabalhadores das grandes superfícies comerciais e em que decorre uma campanha, mais do que justa, contra as compras no dia feriado, é uma estratégia que só pode ser usada num país onde a  lei e a desregulação total das relações laborais servem apenas os patrões e as grandes empresas. É a mais pura canalhice num país em que o povo esmola e o governo serve os traidores à Pátria.

*(agradecimento ao blogue O Economista Português pela fotografia)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A arte de bem fazer favorzinhos ao regime e de desacreditar a Democracia.

É muito difícil fazer de conta de que os episódios lamentáveis que têm decorrido na Assembleia Legislativa Regional tendo por protagonistas o seu presidente e os deputados do PTP, me deixaram sem qualquer tipo de reacção que não seja a do desprezo. Mais do que desprezo profundo pelo sucedido e pelos seus miseráveis protagonistas (uns quantos sedentos do vedetismo barato de quem se faz de vítima em directo para as câmaras e o outro usando da hipocrisia dos que não têm coluna vertebral), sinto raiva e tristeza  pela forma como aquele órgão se tornou o instrumento mais eficaz do regime: durante trinta anos o PSD-M quis transformar aquela casa no lugar onde se desacredita a Democracia e a Autonomia, usou de linguagem chã e de caserna, insultou os adversários que mantiveram a sua integridade e manipulou os traidores que se venderam, sobretudo, usou e abusou do poder para fazer leis a seu favor e da chusma de oportunistas que o compõem e agora, já no estertor do regime, faz render a agonia alimentando um circo cuja única intenção é desesperar os que precisam de ver resolvidas, com urgência, a fome e a miséria que todos os dias crescem nas suas casas. Enquanto uns quantos bobos se dispuserem a fazer rir a corte, a voz daqueles que clamam por justiça e exigem contas aos que desmandam as nossas vidas, serão silenciadas. É isso que o PSD-M quer e o regime jardinista precisa para sobreviver.

terça-feira, 17 de abril de 2012

UM POVO FÁCIL DE GOVERNAR

Com um especial obrigada ao Luís Afonso pelo cartoon (Público, 17/04/12)
Oiço, em conversas informais, a afirmação da recusa em saber o que se passa e de ouvir o que quer que seja sobre a actual situação de crise que a Europa, o país e, em particular, a região, atravessam. Se compreendo a estratégia emocional de defesa, surpreende-me o tão rápido conformismo de cada um à condição de sujeito passivo da vontade de uma minoria no poder. Por mais que tentemos fugir dos factos, a dureza da realidade está aí e agravou-se ferozmente com a entrada em vigor do Programa de Ajustamento Financeiro da Madeira no dia 1 de Abril. É certo que este conjunto de imposições, para garantir a perpetuação da elite do regime, afecta mais uns do que outros mas também é certo, de que a todos deixa a dolorosa garantia de um futuro incerto e sombrio. Com a marca do “socialmente correcto” reforçou-se uma atávica resignação e um ensurdecedor silêncio que condenam, com espantosa veemência, a coragem para protestar e a capacidade para propor alternativas. Chego a ouvir às vítimas, os mesmos argumentos daqueles que as arrastaram, nos seus delírios de poder, até à sua desgraça.
Poucas coisas serão tão fáceis de fazer quanto governar um povo assim: tomam-se decisões criminosas para o presente e para o futuro, destrói-se deliberadamente, em proveito próprio, o que pode gerar riqueza para todos; hipoteca-se a democracia e a autonomia a troco de miséria para todos e poder para os mesmos. Dizem os manuais de Sociologia e de História que quanto mais instituída é uma crise, maior é a ausência de controlo sobre quem governa, por isso, estamos em tempos de escolhas: queremos continuar a preferir a falsa protecção dos servos debaixo da canga ou queremos exigir contas aos que tomaram e continuam a tomar as decisões contra os interesses de todos usando de demagogia e populismo para enganar os incautos e ignorantes e mudar o rumo dando voz e vez aos que recusam e propõem, com responsabilidade, outro caminho? 

sábado, 14 de abril de 2012

O Noticiário da TVI no seu melhor...

A TVI, mais uma vez, faz-se eco de posições das mais perigosas sem permitir o contraditório. A última peça do noticiário da tarde foi sobre a encomenda de assassínios e deu-se a palavra a pessoas das mais diversas origens. O que foi muito grave é que a título de conclusão, o último interveniente (um jurista qualquer cujo nome e ocupação não registei) afirmou categoricamente que o preço da vida baixou em virtude da multiculturalidade (?!), explicando que o encontro de culturas trouxe para o nosso seio, cidadãos de culturas em que a escala de valor da vida é muito baixa (?!). Disse este absurdo com o ar mais académico e científico do mundo e a peça terminou...Ora ainda que os imigrantes envolvidos nos casos relatados viessem de  "civilizações menos evoluídas" (juízo de valor que só é possível a quem sustenta a sua ignorância e estupidez na generalização abusiva, no preconceito), os mandantes foram sempre "bons" portugueses, dos de cepa e foi mesmo referido que num dos casos, uma cidadã reconhecida por todos como boa cristã católica com todos os "sacramentos em dia". Senhores jornalistas da TVI já que poupam na inteligência ao menos sejam mais pródigos no profissionalismo. E também gostaria muito ver o tal senhor jurista a ser emigrante na Alemanha onde gentinha como ele, mas alemã, considera que Portugal é uma cultura onde a escala de valor da vida é muito baixa e que, portanto, somos todos potenciais criminosos: "...é o preconceito, estúpido!"

quinta-feira, 12 de abril de 2012

"A pobreza na própria Pátria é um exílio." Provérbio Árabe

Hoje na aula veio a propósito falar em exílio, falámos sobre os sentimentos que devem experimentar os que se vêem obrigados a fugir da sua pátria e viver numa terra que, ainda que de acolhimento, não deixa de ser estranha no que de mais de profundo e consolador nos une à terra-mãe. A aula prosseguiu e no final houve, como sempre há,  lugar para as pequenas conversas que nascem daquela comunhão entre pessoas que partilham o mesmo quotidiano com a esperança de cumprir um objectivo que vindo de uma motivação e um trajecto individual, não deixa de ser também uma caminhada em conjunto. Os últimos meses têm trazido uma partilha dolorosa, aumenta o número dos atingidos pelo desemprego, desabafa-se sobre as dificuldades diárias cada vez maiores, exprime-se o sentimento de indignação mas também se reforçam a coragem e determinação em não perder a dignidade.A caminho de casa ocorreu-me um provérbio árabe que em tempos ouvi e me pareceu de uma profunda sabedoria " A pobreza na própria Pátria é um exílio." Estamos a ser exilados dentro da nossa própria pátria, condenados à condição de estrangeiros na terra que nos viu nascer e a que chamamos nossa. Uns quantos párias que tomaram o poder negam-nos a cidadania e a liberdade, estrangulando-nos na pobreza.

sábado, 7 de abril de 2012

Para depois da Páscoa...

Sete dias passaram sobre a entrada em vigor do Programa de Ajustamento Financeiro da Madeira. O silêncio mais absoluto tem marcado esta semana em que os madeirenses se têm confrontado com o aumento brutal do preço dos bens essenciais e com o agravamento de todo o tipo de dificuldades quotidianas (empresas que encerram; patrões que exploram; serviços públicos num caos; insegurança crescente). Aquele a quem a menor réstia de luz de projectores é sempre ocasião para as mais "profundas" bojardas remeteu-se ao silêncio mais ensurdecedor, nem o areal dourado do Porto Santo o parece "inspirar". O regresso das imerecidas férias da Páscoa, será marcado pelas atroadas do costume e para defesa pessoal aí vêm difamação, arrogância e prepotência. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos porque se a Madeira Nova já provou que era de madeira velha e podre corroída pela formiga branca, o deslumbre do poder já só funciona sob o efeito de sedativos à mistura com muito álcool.