terça-feira, 17 de abril de 2012

UM POVO FÁCIL DE GOVERNAR

Com um especial obrigada ao Luís Afonso pelo cartoon (Público, 17/04/12)
Oiço, em conversas informais, a afirmação da recusa em saber o que se passa e de ouvir o que quer que seja sobre a actual situação de crise que a Europa, o país e, em particular, a região, atravessam. Se compreendo a estratégia emocional de defesa, surpreende-me o tão rápido conformismo de cada um à condição de sujeito passivo da vontade de uma minoria no poder. Por mais que tentemos fugir dos factos, a dureza da realidade está aí e agravou-se ferozmente com a entrada em vigor do Programa de Ajustamento Financeiro da Madeira no dia 1 de Abril. É certo que este conjunto de imposições, para garantir a perpetuação da elite do regime, afecta mais uns do que outros mas também é certo, de que a todos deixa a dolorosa garantia de um futuro incerto e sombrio. Com a marca do “socialmente correcto” reforçou-se uma atávica resignação e um ensurdecedor silêncio que condenam, com espantosa veemência, a coragem para protestar e a capacidade para propor alternativas. Chego a ouvir às vítimas, os mesmos argumentos daqueles que as arrastaram, nos seus delírios de poder, até à sua desgraça.
Poucas coisas serão tão fáceis de fazer quanto governar um povo assim: tomam-se decisões criminosas para o presente e para o futuro, destrói-se deliberadamente, em proveito próprio, o que pode gerar riqueza para todos; hipoteca-se a democracia e a autonomia a troco de miséria para todos e poder para os mesmos. Dizem os manuais de Sociologia e de História que quanto mais instituída é uma crise, maior é a ausência de controlo sobre quem governa, por isso, estamos em tempos de escolhas: queremos continuar a preferir a falsa protecção dos servos debaixo da canga ou queremos exigir contas aos que tomaram e continuam a tomar as decisões contra os interesses de todos usando de demagogia e populismo para enganar os incautos e ignorantes e mudar o rumo dando voz e vez aos que recusam e propõem, com responsabilidade, outro caminho? 

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