quarta-feira, 18 de julho de 2012

Pela dignidade do direito ao trabalho


Esta semana foi publicado o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), “Crise do Emprego na Zona Euro: tendências e respostas políticas”, nele se reafirmam propostas para a resolução do gravíssimo problema que os países da zona euro atravessam e cuja tendência, se nada for feito para atalhar este caminho a que nos conduzem as opções neoliberais dos governos europeus compostos por marionetas da troika, nos levará a um futuro negro de milhões de excluídos pelo desemprego de longa duração, a uma percentagem catastrófica de 32% de desempregados em idade activa, à precarização/”escravização” do trabalho dos mais jovens, a salários de miséria e à completa perda de garantias de protecção social.
As propostas da OIT são concretas e perfeitamente exequíveis a curto prazo, insistem na resposta urgente de criação de emprego na convicção de que a redução de salários, o desemprego, a precariedade e a insegurança não são consequências da crise mas sim a sua “matéria-prima”.
O trabalho com direitos é o fundamento estruturante das sociedades democráticas sendo o seu primeiro lugar de socialização porque os valores recebidos da família e na escola orientam e preparam para a integração no mundo do trabalho. O trabalho com direitos convoca à participação cívica e política porque promove os valores da motivação, dignidade e responsabilização. O trabalho com direitos é o motor fundamental do crescimento económico porque o salário não é entendido como um custo mas como o alicerce da dinamização da economia e como o elemento estruturante de distribuição de riqueza.
Só seremos capazes de fazer frente a este retrocesso civilizacional se recuperarmos o valor fundamental da democracia que é o trabalho com direitos. Esta foi a extraordinária lição de cidadania que esta semana os mineiros espanhóis nos deram, por isso, sigamos-lhes os passos e lutemos pela dignidade do nosso direito ao trabalho.