sexta-feira, 6 de abril de 2012

"NÃO HÁ DRAMA, TUDO É INTRIGA E TRAMA" grafitti citado por José Gil

À hora do almoço, ouvi e vi mais uma daquelas reportagens televisivas dos noticiários nacionais em que algumas pessoas são entrevistadas. Desta vez perguntava-se como mantinham as tradições gastronómicas da Páscoa neste tempo de austeridade. As respostas foram, invariavelmente, idênticas a quaisquer outras que já tenham sido dadas sobre a crise e as dificuldades económicas de cada um: "Sim mas comigo não há problema..."; "Pois mas dá-se sempre o jeito e contorna-se...", Claro para os outros talvez mas eu ainda não senti...". Do conjunto de explicações que podemos encontrar para este fenómeno (selecção de entrevistados; mitomania resultante da presença de câmaras televisivas; embaraço em dar conta das suas dificuldades pessoais) há um aspecto que me parece muito interessante e que é o da não-inscrição de que fala José Gil, "em Portugal nada acontece". A não-inscrição mantém-se como resultado de uma violenta imposição social silenciosa mas omnipresente que continua a reduzir-nos a seres infantilizados porque incapazes de assumir compromissos com a realidade e sempre afirmando a inexistência de qualquer tipo  responsabilidade pessoal sobre o presente.

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