sábado, 9 de junho de 2012

À Camila

O JN de hoje dá conta de uma luta pela dignidade levada a cabo pelos pais da pequena Camila (aqui). Aqui fica o belíssimo poema que o pai, Carlos Sanchéz, escreveu em plena batalha pelo direito a dar à filha uma morte digna.


Camila não fala, mas diz.
Camila não olha, mas faz ver.
Camila não chora, mas faz correr lágrimas.
Camila não ri, mas valoriza a alegria.
Camila não pensa, mas ensina.
Camila não suspira, mas dá-nos alento.
Camila não ama, mas apaixona-nos.
Camila não se move, mas mobiliza.
Camila não mostra, mas nada oculta.
Camila não reclama, mas sabe resistir.
Camila não saboreia, mas é doce.
Camila não pisca, mas abre-nos os olhos.
Camila não ouve, mas escuta-nos.
Camila não trabalha, mas dignifica.
Camila não anda, mas abre caminhos.
Camila não decide, mas invoca decisões.
Camila não escreve, mas educa.
Camila não brinca, mas é uma menina.
Camila não agirá, mas comove.
Camila não cresce, mas dá corpo à esperança.
Camila não dorme, mas desperta-nos.
Camila não respira, mas purifica o ar.
Camila não ama, mas desarma corações.
Camila não condena, nas fará justiça.
Camila não come, mas alimenta almas.
Camila não grita, mas derrota a surdez.
Camila não recorda, mas tem futuro.
Camila não acusa, mas perdoa-os.
Camila não salta, mas derrubará icebergues.
Camila não procura, mas sempre nos encontra.
Camila não bebe, mas cala a sede.
Camila não reza, mas prega.
Camila não abraça, mas abrange-nos.
Camila não canta, mas é música.
Camila não cala, mas silencia.
Camila não pinta, mas tudo ilumina.
Camila não beija, mas aceita todos os beijos.
Camila não pode ser julgada, porque é um anjo.
E os anjos pertencem a Deus.

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